2018: o ano mágico

2018 foi um bom ano, um óptimo ano. Não, não chega. 2018 foi mesmo um ano do caraças, o melhor de sempre de tão espectacular que foi. Elevei a fasquia tão alto que não posso deixar de pensar que provavelmente não voltarei a ter um ano igual. Portanto, só posso agradecer.

Em 2018 assumi as rédeas da minha vida ao largar o meu trabalho para ir viajar pelo mundo. Aquilo que se esperava ser um saltinho à América do Sul esticou-se com uma perna para lá do Atlântico e Pacífico e fez-me chegar ao Hawaii. Ainda hesitei em embrenhar-me pelas Ásias, mas a veia latina falou mais alto e lá rumei eu à Argentina e países vizinhos.

Voltei na altura que queria porque me sentia bem, não porque precisava, por medo, por falta de dinheiro ou porque algo de mal me tenha acontecido. Pelo contrário, voltei porque quis voltar e porque a minha casa (leia-se lar e família) ocupava um lugar maior no meu coração do que os metros quadrados registados pelo IMI.

Exerci a medicina que me agrada, em contexto de urgência, de actuação rápida e resposta imediata. Não, não sou internista nem sei fazer emergência. Mas sei que enquanto médica de família consigo desenvolver um bom trabalho dentro daquilo a que me proponho.

Assisti à distância à minha primeira exposição fotográfica, baseada nas minhas viagens meio malucas por ai fora. Pelo meio das mesmas, fui recebendo convites para integrar, participar ou colaborar em associações e iniciativas que tudo têm a ver comigo e que espero que possam vingar.

Lancei-me na profundidade do kizomba, da salsa, da bachata e do semba uma vez mais. As portas da escola de dança são das que mais gosto de atravessar, mesmo que isso implique uma deslocação diária para Lisboa por vezes em hora de ponta. Mas quem corre por gosto não cansa, e quem dança por prazer também não.

Conheci pessoas novas, aprofundei relações e obviamente que me apaixonei. Pelas pessoas certas, pelas pessoas erradas, um pouco de tudo, isto porque neste mundo do amor acho que cada vez mais não há certo ou errado, há sentir ou não.

Organizei jantaradas, casei amigos, vi filhos a nascer e felizmente este ano fui poupada a não perder ninguém que me seja próximo. Mas vimos partir o nosso cãozinho companheiro de 17 anos, que viveu a sua vida de rei melhor que qualquer pseudo-rafeiro das redondezas.   

Percebi que não posso estar quieta nem parada demasiado tempo no mesmo lugar e que a rotina ainda me assusta. No auge do bem-estar, decidi que ainda não podia parar por aqui. Atirei-me de cabeça no sonho americano, fiz uma formação em Medicina Estética e entrei de malas e bagagens num cruzeiro pelas caraíbas.

Este ano, aprendi que a superação física depende da superação mental. Aprendi que podia percorrer quilómetros desde que não contasse os metros.

Aprendi que o dinheiro não compra felicidade mas que ajuda muito à sua construção, porque permite delinear planos e alicerçar sonhos. E que os banhos de sol numa praia de sonho não aquecem a alma com a mesma intensidade dos jantar de família e ou de uma lareira na noite de Natal.

Aprendi que sou feliz com muito menos e que em vez de um T3 queria um T1, em vez de uma casa queria uma mochila, em vez de um terreno estável ainda queria águas turbulentas.

Aprendi que quando nos dedicamos a uma causa, qualquer que seja, podemos ver resultados. Mas também que não podemos obrigar ninguém a fazer o que não quer ou a comprar o que não precisa, por melhores vendedores que sejamos. Que o ambiente de trabalho é das mais importantes fontes de estabilidade (ou instabilidade) emocional. Que há pessoas que não merecem o nosso tempo ou esforço para que permaneçam na nossa vida. E que a integridade ética ainda vale mais que umas libras ao fim do mês. Aprendi que tenho cada vez mais orgulho nos meus valores e princípios e que estes são firmes apesar das contrariedades.

Aprendi que ainda tenho um longo caminho a percorrer em algumas áreas, mas que estou a ir a passos largos. Que há fantasmas que à noite ou no escutar de uma canção virão sempre dizer-me o seu “olá” de tempos a tempos porque vou para sempre sentir a sua falta, mas que já consigo viver com isso. Que há conhecidos que nunca passaram ou passarão disso apesar das ilusões, e que há outros que em poucos dias de companheirismo se tornam em amigos para a vida.

Ensinaram-me que da mesma forma que lutamos por aquilo que nos faz bem, também devemos lutar por sair daquilo que nos faz sentir mal. Mas que a minha dificuldade em encerrar assuntos inacabados ainda transcende várias áreas da minha vida e, antes de desistir, há muitas alternativas por onde tentar ser bem sucedida num desafio ou obstáculo.

Aprendi que sou muito, muito feliz e que tenho tudo o que preciso dentro de mim para tomar as melhores opções para mim própria e para aqueles que me rodeiam. E que só podemos transmitir felicidade quando ela transborda em nós mesmos.

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