San Telmo é dos bairros mais antigos e tradicionais de Buenos Aires e o seu mercado (o mais importante da cidade) é visita indiscutível para os dias de Domingo.
Durante a minha estadia decidi visitá-lo com calma, dedicando-lhe toda a manhã e parte da tarde. Não são necessárias 5 horas, e com apenas 3 já se fica com uma ideia suficiente deste local. Para o encontrar basta seguir a multidão logo após a saída do metro ou autocarro, pois todos os caminhos convergem para a Calle Defensa e suas perpendiculares neste dia. Pelo caminho, não esquecer de levantar dinheiro: mesmo quem está “em contenção” acaba por querer comprar qualquer coisinha.
Chegados a Defensa – uma comprida mas estreita ruela – um mercado de rua irrompe repleto turistas e vendedores locais e somos momentaneamente invadidos, perdendo-se os sentidos nas ofertas de cor, som e movimento até conseguirmos definir um ponto de partida, uma estratégia. Em pequenas bancas improvisadas vende-se de tudo, desde o único e característico até ao que a globalização permite encontrar em qualquer parte do mundo. Artesãos alternam aleatoriamente com vendedores de comida rápida, como empanadas ou churros. Tenta-se vender bijuteria, relojoaria e antiguidades como molduras, espelhos ou candeeiros. Malas de cabedal partilham o seu espaço com posters vintage e roupas usadas, camisolas ou luvas para o frio patagónico. O cartoon Mafalda discute o primeiro lugar das atenções com Frida Kahlo – um ícone em terras sul-americanas – com tango argentino como banda sonora de fundo.
Algures à direita surge a entrada para o mercado tradicional, em geral com a mesma oferta daquele desenvolvido ao ar livre mas no interior de uma velha estrutura metálica. Aproveito a pausa para um café no Coffee Town, um dos mais conhecidos destas ruas de San Telmo.
Defensa abre-se e a multidão dispersa-se pela Plaza Dorrego (a mais antiga da cidade depois da Plaza de Mayo), não muito ampla e também ela ocupada por feirantes mas que permite caminhar noutras direcções que não em linha recta. Aqui, uma das derivadas é ocupada exclusivamente por pintores, tendo sido nela que me deixei seduzir por uma aguarela alusiva à Milonga de Buenos Aires. Também numa das suas extremidades encontro os primeiros bailarinos de tango desde a minha cidade a Buenos Aires.
Atravessando a Praça surgem dois pontos de interesse: cruzando à esquerda para a rua Humberto 1º encontra-se a Igreja de San Pedro González Telmo, padre espanhol do séc.XIII, e padroeiro do bairro a partir do séc.XVII pela sua ligação histórica à evangelização de navegantes e pescadores da Galiza e Portugal. Seguindo em frente em Defensa destaca-se a Pasaje De La Defensa, casa de dois pisos dos Ezeiza, datada de 1880 e actualmente convertida em zona de comércio tradicional e pequenos cafés e restaurantes. O edifício, de entrada livre, vale a visita, assim como convida a um café com vista sobre um dos seus pátios.
De regresso à rede de transportes, e se a vontade e curiosidade ainda o permitirem, pode-se aproveitar para visitar o MACBA (Museu de Arte Contemporânea) e o MAMBA (Museu de Arte Moderna) de Buenos Aires, situados lado a lado na Av. San Juan.