As ruínas greco-romanas de Baalbek

As ruínas greco-romanas de Baalbek

          Há uns meses atrás dei por mim a encontrar algures nas redes sociais e completamente por acaso uma fotografia de um templo majestoso. A curiosidade contudo desvaneceu-se de imediato quando vi a origem – as ruínas greco-romanas de Baalbek, Líbano. Longe estava eu de imaginar as reviravoltas (ainda maiores) que 2020 traria.

Breve introdução

          O Líbano, país da Ásia Ocidental banhado pelo Mar Mediterrâneo, localiza-se na histórica zona do “Crescente Fértil”, por onde passaram muitas das antigas grandes civilizações. Foi casa de fenícios, persas, gregos, romanos e turcos otomanos, entre outros, cujo legado cultural é inigualável e moldou para sempre a história deste país. É ainda o país com maior diversidade religiosa do Médio Oriente, o que se nota expressivamente na forma como se constituí a assembleia parlamentar. Apesar da fronteira com a Síria e Israel, o Líbano – e nomeadamente a sua capital, Beirut – viveu tempos prósperos e de estabilidade até 1975, altura em que se inicia a Guerra Civil que durou até 1990. Seguindo-se a fase de reconstrução, lida ainda com os conflitos perpetuados por Israel e o Hezzbollah desde 2006.

              Durante a minha estadia no Líbano pude conhecer, para além de Beirut, a antiga cidade de Baalbek, o Vale de Beeqah (região agrícola), a Floresta de Cedros, a cidade e mercado histórico de Byblos e ainda terminar o dia com um mergulho a 28º numa das praias da zona costeira. À excepção da capital tudo isto pode ser visitado num dia (a passo rápido…), uma vez que o Líbano tem uma área de apenas 12mil Kms2 (comparativamente, é 3x mais pequeno que o Alentejo). 

          A ocupação da cidade de Baalbek data de 10 mil anos A.C, conclusões tiradas mediante achados arqueológicos de instrumentos pertencentes a múltiplos povos da pré-história. 
O complexo cultural e religioso de Baalbek foi edificado pelos fenícios e mais tarde tomado pelos romanos, tendo tido pela mão de Alexandre o Grande obras de desenvolvimento e ampliação durante mais de 200 anos. Milhares de peregrinos rumavam em sua direcção com intuito religioso, por forma a prestarem homenagem a diversas divindades, para além de ser um ponto de importância estratégica na rota do comércio entre Damasco (Síria) e a costa. O seu declínio iniciou-se com a ocupação muçulmana e em último lugar pelos Otomanos, que não tinham particular interesse na estrutura e a vetaram ao abandono. Actualmente, é uma cidade de mais de 80 mil habitantes ocupada pelo Hezbollah.

 

              Gregos e romanos apelidavam Baalbek de Heliopolis – ou Cidade do Sol, em homenagem ao Deus Hélios. A acrópole dispõe de múltiplos templos e ruínas, destacando-se pela sua imponência e estado de conservação os de Baco, Júpiter ou Venus.

              Citando a UNESCO:

“O recinto arqueológico de Baalbek representa um complexo religioso de fabuloso valor artístico. O seu conjunto monumental majestoso, com grande detalhe em pedra, é uma criação única que reflecte as crenças feníncias com os deuses do período greco-romano (…).

 

O complexo monumental de Baalbek é um dos mais impressionantes testemunhos da grandeza do período romano, demonstrando também o poder e riqueza do mesmo. Contém alguns dos maiores templos romanos alguma vez construídos, assim como melhor preservados (…)“

O que ver em Baalbek

               O complexo de Baalbek está bem organizado em termos de circuito e permite-nos caminhar livremente, pelo tempo desejado, pelas suas avenidas enquanto disfrutamos de uma paisagem verdadeiramente singular.

              Os trabalhos de recuperação começaram no início do séc.XX. É Património Mundial da UNESCO desde 1984.

Rapidamente nos deixamos assim envolver por este lugar e somos remetidos para outros e gloriosos tempos da nossa história. Diz-se que muito há ainda por escavar, explorar e conhecer em Baalbek.

Este é, por agora, o imperdível:

Escadaria de acesso ao Pátio Hexagonal – escadaria inicialmente coroada por 12 colunas de granito rosa alinhadas, enriquecidas por estátuas em vários dos seus intervalos e encabeçadas por frisos – tudo com detalhes em bronze e ouro. O topo terminava com uma torre de cada lado.

Baalbek, Libano1
Escadaria Monumental

o Pátio Hexagonal– esta grande praça central apresenta uma variedade de avenidas ladeadas por ruínas romanas de colunas, pequenos anfiteatros, estátuas e outras relíquias. Foi construído no sec.II, tem 135 metros de largura por 113 de extensão. Nela podem observar-se colunas claramente distintas das restantes, feitas de granito rosa trazido do Egipto.
Durante o período Bizantino ganhou tecto e janelas, que protegiam do mau tempo.

Baalbek, Libano3
Baalbek4
Um dos vários recantos do Pátio Hexagonal
Baalbek5

– Templo de Baco – para mim a melhor e mais grandiosa surpresa de Baalbek, o Templo de Baco não é o maior mas é o mais distintivo de todos os que conhecemos habitualmente. Tem 66 metros de comprimento por 35 de largura, com uma estrutura ainda muito bem definida e várias paredes trabalhadas com figuras e inscrições.

Templo de Baco, Baalbek
Baalbek7

– Templo de Jupiter – O maior templo romano do mundo, o Templo de Júpiter tem colunas de 30 metros de altura e cerca de 2.5m de diâmetro

– Templo de Venus – parece encontrar-se fora do complexo na medida em que é atravessado por uma das estradas de acesso, podendo ver-se a partir desta. Aparenta por isso um pior estado de conservação, estando já praticamente em contacto com a cidade.

Baalbek, Libano2
Templo de Vénus

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Como chegar a Baalbek

          Pessoalmente optei por alugar um carro para esta visita, mas há excursões organizadas ou simplesmente autocarros públicos que saem de Beirut diariamente. Para quem vem de Beirut, Baalbek fica a 85Kms de distância e implica uma viagem de cerca de 1 hora e 40minutos (seguir a rota “Damascus International Highway/ Itinerário 30M e Zahlé”.

          Pelo caminho é possível vislumbrar várias áreas de campos de refugiados sírios, assim como zonas de cultivo de cannabis e postos de vigia militar.

          O complexo tem estacionamento gratuito à porta e também umas lojinhas e tendas onde se pode comprar recordações ou um lenço tradicional para proteger a cabeça.

Quando visitar

Em Julho e Agosto a temperatura ultrapassa os 30 graus, sendo a sensação térmica bastante superior devido ao facto de a humidade ser intensa. Entre Novembro e Fevereiro a temperatura oscila entre os 10-15ºC, e as chuvas concentram-se sobretudo nestes meses do ano.

As melhores alturas para visitar serão por isso a Primavera ou o início do Outono.

O complexo está aberto de Segunda a Domingo das 9h às 18h, fechando às 16h no inverno.