Beirut – Crónicas de Voluntariado (IV)

Beirut – Crónicas de Voluntariado (IV)

Crónicas de um voluntariado em Beirut - IV

- sobre voluntariado independente -

          Quando vim para Beirut, fi-lo sem qualquer suporte organizacional. Não porque não quis, mas porque realmente nunca me candidatei a nenhuma entidade do género, seja os Médicos sem Fronteiras, a Cruz Vermelha, a AMI ou o INEM. Burocracias, não ser especialista em algumas áreas prioritárias ou os programas envolverem demasiados meses fora são alguns dos motivos.


          Por isso, quando a explosão aconteceu, tomei a decisão de vir sozinha, de forma independente, à minha custa. Isso significa que sim, paguei o meu voo e perdi os meus honorários desta semana que deveria estar a trabalhar em Portugal.

Sempre ouvi dizer que “where there’s a will there’s a way”, e à semelhança de outras alturas da minha vida de viajante (nunca relacionadas com um episódio deste género…), sei que a tenacidade move montanhas.


Comprei o voo com um único ponto de ligação (o nosso fotojornalista João Sousa), e neste momento tenho centenas. O simples facto de vir criou apoios na comunidade libanesa quer local quer em Portugal, com dezenas de contactos de pessoas de diferentes áreas a chegar ao meu telemóvel – e com cartão libanês também ele cedido ainda antes de vir e que me garante sempre o Wi-Fi.


          Apesar do parecer oficial do governo, Beirut precisa de ajuda urgente. São precisos medicamentos e material médico, fora tudo o que implica reconstruir uma cidade. Uma rapariga sozinha não faz milagres, nem que seja porque não lhe restam braços para mais que uma caixa de 15Kgs. Mas muita gente faz, e as vossas doações foram prova disso. A quem quer vir, Beirut precisa de vós – precisa de todos. É preciso mentalização de que esta é uma cidade destruída e em grande instabilidade. Mas o caminho está aberto. Sejam da área que forem, quem puder vir que por favor traga algum material consigo. De resto.. não pensem muito. Não há muito para pensar sobre lógica ou logística antes de vir. Venham ajudar. O resto resolve-se no dia-a-dia.

  

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