Montevideo e Colónia de Sacramento são duas cidades portuárias consideravelmente próximas de Buenos Aires (200Km e 57,5Km, respectivamente), encontrando-se separadas desta pelo Rio da Prata.
Montevideo, enquanto capital do Uruguai, apresenta mais ligações marítimas do que Colonia, nomeadamente através das companhias citadas neste artigo.
A deslocação entre as cidades de Montevideo e Colónia é feita por meios terrestres, numa extensão de 178Km. Neste circuito operam diversos autocarros e operadoras turísticas.
3 a 5 dias são suficientes para uma boa percepção destas duas cidades. Durante a minha viagem optei por apanhar um ferry da empresa BuqueBus de Buenos Aires para Montevideo (2:30h), um autocarro de Montevideo para Colonia (2:30h) e um novo ferry de Colonia para Buenos Aires (1 hora).
Entre as razões pelas quais não fui a outros locais conhecidos da costa uruguaia durante este período (como Piriápolis, Punta del Este, Cabo Polonio ou Barra de Valizas) contam-se questões práticas, económicas e, no final, de falta de vontade. Na sequência de 2 meses no Hawaii e a poucos dias de voar para a Patagónia, não considerei este esforço físico, mental e financeiro necessário, pelo que decidi abdicar destes pontos e focar-me com mais tranquilidade em Montevideo e Colonia.
Montevideo (imagens e highlights aqui)
Cheguei a Montevideo pelas 9:30h da manhã, através do porto da cidade. Aproveitando a localização, a minha primeira paragem foi entrar no Mercado del Puerto, um mercado muito próximo do porto que, por ainda ser cedo, estava super tranquilo.
De seguida dirigi-me para o Hostel Punto Berro, eleito pela boa combinação de preço e localização. Para além disso, o preço inclui não apenas o pequeno-almoço mas também o jantar.
Em menos de 10 minutos após deixar as malas encontrava-me já na Plaza Independencia para iniciar a Free Walking Tour pela Cidade Velha de Montevideo. Esta empresa, que já conhecia de outras grandes cidades, proporciona visitas gratuitas com guias locais pelas cidades, podendo-se oferecer uma “gorjeta” simpática no final por consideração (mas sem obrigação). Através desta, consegui em 2 horas e meia ver os principais pontos de interesse desta zona.
Tive a sorte de, neste mesmo dia, se realizar uma visita guiada também ela gratuita ao interior do Teatro Solis, que começou pelas 16h. Melhor ainda, esta visita foi em português! Por esse motivo, entre as 14h e as 16h foi tempo de comprar algo para comer (encontrei um estabelecimento “vegan” e natural, o La Merenda, com pronto a comer muito diversificado acessível e de boa qualidade). Com o tempo restante tentei subir até ao Palácio Salvo, o edifício mais alto da Praça da Independência e, de seguida, caminhei apressadamente até ao Mirador de La Intendencia, onde subi gratuitamente até ao último andar para a vista panorâmica de 360º sobre Buenos Aires.
Terminei o primeiro dia cerca das 17:30h, a necessitar de recuperar energias com um expresso e duas medias-lunas no Café Brasileiro, o café mais antigo de Montevideo e localizado precisamente à frente do meu hostel.
No segundo dia em Montevideo, comecei a manhã apanhando um autocarro para a zona mais distante que pretendia visitar: Playa de Los Pocitos, muito conhecida pelo seu letreiro garrafal onde se pode ler Montevideo. Não podemos vir a Montevideo sem uma fotografia neste local, certo?! O letreiro está na extremidade mais distante da praia, pelo que caminhei pela orla, molhando os pés nas águas frescas mas não frias do Rio de la Plata, que deve ao seu nome à prata que vinha com as correntes provenientes das terras do Paraná.
No regresso parei na Livraria Yenny onde tomei um expresso acompanhado de uma óptima tarde de maçã da pastelaria Rhine de Oro, com vista sobre a Rambla e a praia. Apesar dos meus esforços, acabei por comprar mais um livro, desta vez sobre o Uruguay.
Continuei a visita caminhando pela Rambla República del Perú, um dos segmentos Rambla das Nações Unidas – uma avenida com mais de 30Kms de extensão que vai desde Carrasco até Montevideo. Esta Rambla é um dos pontos principais da cidade e faz parte do seu cartão de visita.
Almoço no supermercado, onde encontro um buffet de saladas com imensos ingredientes à escolha, acabando por compor uma a meio gosto pela qual paguei somente 2 euros.
Pelas 15:30h preparo-me para uma nova free walking tour desta vez com a empresa Curious Free Tour – esta empresa realiza também uma caminhada gratuita pela Cidade Velha, todos os dias as 10:30h e 15:30h (sábado apenas às 11h). O ponto de encontro é na frente de outro centro comercial, o Punto Carretas Shopping, edificado sobre uma antiga prisão. Com este tour fico a conhecer mais sobre a história do Uruguay e de Punto Carretas em particular. Passamos por alguns locais históricos, atravessamos o Parque de San Martin onde preparamos e provamos um tradicional chá de erva mate e voltamos à Rambla, passando pelo Castillo Pittamiglio.
Regresso à Ciudad Vieja a tempo de um duche antes do jantar no hostel, após o qual saio para um pequeno passeio e algumas fotografias. A cidade não é tão segura à noite como durante o dia, pelo que fui acompanhada, e assim termino a minha estadia de dois dias em Montevideo.
Colonia de Sacramento
O terminal de autocarros situa-se em Tres Cruces e abriga diversas empresas que fazem a ligação de Montevideo com diversos pontos do país. Na véspera tinha comprado o meu bilhete online pela empresa Turil (www.turil.com.uy), o qual ficou em 371 pesos. A viagem escolhida sai às 10h e tem uma duração de 2 horas e meia em autocarros novos, extremamente confortáveis e com ligação wi-fi. Recomento a Turil ou a COT para fazer esta viagem, pelos preços e comodidade.
Colonia fica a 180Kms de Montevideo e surge estrategicamente colocada frente a Buenos Aires, separada apenas pelo Rio de La Plata.
A primeira impressão que tive de Colonia foi física: denotava-se um calor abrasador sob um sol radiante e um céu sem nuvens. Caminhei até ao Hostel Celestino, a meia distância entre o terminal de autocarros e o centro da “Cidade Velha” de Colonia. Depois de largar as mochilas, parti à descoberta.
Colonia é uma cidade pequena, parada no tempo, mescla de portugueses e espanhóis. Pela sua localização estratégica, foi amplamente cobiçada por estes dois países que assim pretendiam obter o domínio comercial do Rio de la Plata. As suas ruelas e casas ostentam traços tipicamente portugueses, desde azulejos às casas baixas e o chão em pedra.
Fico pouco mais de 48 horas em Colónia, o local perfeito para descansar entre cidades mais atribuladas como Montevideo ou Buenos Aires. Considerando a proximidade com estas, muitos turistas vêm cá somente de passagem, não ficando mais que um dia. Grande erro, atrever-me-ia a dizer. Colonia é para ser caminhada bucolicamente, vivida e sentida sem o reboliço habitual. A minha sugestão: atrevam-se a conhecer e a caminhar pelas suas ruelas. Não são necessárias sugestões de lugares… mas, se quiserem conhecer mais, vejam as fotos aqui.

Li com atenção e achei maravilhosa a tua crónica. És ima mulher fantástica como é possivel minha querida.
Obrigada pelo feedback, senhor anónimo! espero que continue a acompanhar esta “Viagem” =)