Crónicas de um voluntariado em Beirut - II
Estes dias têm sido de uma imensa correria aqui por Beirut, por forma a conhecer algumas ONGs, as necessidades de alguns hospitais e também aperceber-me da dimensão de toda a situação. Andar pelas ruas é simplesmente devastador, mas este post hoje não é sobre isso.
Menos de 48 horas depois de chegar, é tempo de começar as doações. Os hospitais gastaram literalmente todo o material entre a noite da explosão e as seguintes, tendo recebido logo nas primeiras horas centenas de doentes. Para além disso, e fruto do embargo que se vive no Líbano e que sempre obrigou a grandes capacidades de auto-gestão, todo o material é fundamental. A capital tem apenas 4 hospitais públicos e todos os outros são privados.. ninguém parece confiar no sistema governamental.
Assim, é com um enorme agradecimento ao Hospital da Luz de Lisboa, pela mão do seu Director Executivo (Pedro Patrício), que hoje começo a doação de alguns quilos de material que englobam centenas de unidades de luvas, máscaras, fios de sutura, adesivos, compressas esterilizadas, betadine, soro fisiológico, e muito outro material técnico que tanta falta faz neste momento – e não podendo igualmente deixar de referir a rapidez e prontidão com que tudo foi organizado: no espaço de 4 horas. Não parece muito, mas foi tudo o que uma rapariga sozinha conseguiu trazer consigo.
Metade deste fornecimento é assim doado ao Hospital Najjar, e a restante directamente à ONG Inara, com quem comecei a trabalhar ontem no terreno. O Hospital Najjar recebe assim a sua primeira doação – de sempre.