A cidade romana de Jerash (Jordânia)

A cidade romana de Jerash (Jordânia)

Conteúdo selecionado para o artigo “Os melhores blogs portugueses de viagem”,
publicado pela editora educativa Twinkl
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     São cerca de 2 horas de caminho até Jerash, numa estrada inicialmente árida mas que felizmente, nesta altura do ano, vai apresentando alguns vestígios de vegetação mesmo que pontuais. É dificil imaginar a vida não a preto e branco mas em tons de ocre, e na Jordânia é assim durante largos meses com a excepção do vale do Rio Jordão, sendo a cor mais comum em montanhas e vales. É periodo de campanha eleitoral e os jordanos não brincam – a propaganda política é mais que muita, e os cartazes contam-se às centenas assim que a estrada atravessa cidades ou zonas mais populosas. Jerash é uma incrível cidade romana, em considerável estado de conservação, que nos remete de imediato para um filme de época e daquilo que conheço fora da Europa unicamente equiparável a Balbeek (Líbano) ou Vollubilis (Marrocos).

Jordânia Jerash Me Across the World 3

     Perfeitamente alinhadas, dezenas de colunas coríntias dão as boas vindas ao complexo. Majestoso pela sua dimensão, há vários pontos que se destacam dentro deste centro arqueológico com mais de 3 mil anos de existência, como um enorme fórum romano (uma praça oval de grandes dimensões ladeada por colunas), vários anfiteatros, templos e santuários, zonas de banhos comunitários e até dois coliseus. Actualmente, o espaço é palco do “Festival de Cultura e Arte de Jerash”, um evento de 3 semanas com música e recriações de época. Jerash merece assim sem qualquer dúvida uma visita calma de 2 a 3 horas.

     O dia já vai longo e é tempo de regressar. Aproveitando uma vez mais os “preços pandémicos”, nunca foram tantas e tão boas as oportunidades de ficar em hotéis acima da média por valores bem acessíveis e, por isso, desta vez optámos pelo Hilton Dead Sea Resort & Spa, um fabuloso e elegante hotel sobre as margens do Mar Morto. Desço os vários níveis de piscinas piscinas panorâmicas e aquecidas até os meus pés tocarem a areia. É junto às águas salgadas que pousamos as roupas e entramos numa experiência que nada tem de “imersão” mas sim de “flutuação” – rico em minerais, a sua concentração de sal é de cerca de 30%, 9 vezes mais elevada que aquela que encontramos habitualmente, o que dificulta quaisquer mergulhos (sendo inclusive os mesmos desaconselhados devido ao efeito da hipersalinidade junto das mucosas). O Mar Morto, localizado 400 metros abaixo do nível do mar, é alimentado pelo Rio Jordão que aqui desagua – e à imagem de outros locais de igual denominação como o Mar Cáspio ou o extinto Mar de Aral, não é verdadeiramente um “mar”, mas um lago. É considerado o ponto mais baixo em terra seca do mundo e estende-se por 82 Kms de comprimento e 18Kms de largura alcançando a Jordânia, Cisjordânia e Israel. O termo “Morto” deve-se por isso ao facto de que a vida animal não é sustentável neste local, morrendo imediatamente quaisquer peixes que o alcancem.

Jordânia Jerash Me Across the World 2

     Nas suas margens os minerais acumulam-se, fruto da deposição e evaporação da água perante o sol escaldante. É também aqui que os Jordanos recolhem as lamas que, de forma bastante satisfeita, esfregamos em todo o corpo até nada ficar limpo excepto os olhos, nariz, boca e cabelos. O ritual diz que se deve permanecer com as lamas aplicadas sobre a pele durante pelo menos 15 minutos para usufruir das suas propriedades e suavidade, ao fim dos quais se limpam nas águas do mar ou no duche criado para o efeito junto à praia. A indústria da cosmética é relevante para os Jordanos, que produzem cremes e outros produtos derivados desta matéria para exportação ou uso interno.

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