My Couchsurfing Diaries: Chris Rojas (O’ahu, Hawaii)

My Couchsurfing Diaries: Chris Rojas (O’ahu, Hawaii)

Cris Rojas – “O Hawaii é um país dentro do seu próprio país”

O Chris alojou-me na noite de 16 para 17 de Janeiro, no nono dia da minha viagem. Reside num pequeno estúdio em Waikiki, com uma vista fabulosa a partir da sua varanda.

De estatura média, óculos e muito disponível, por algum motivo a conversa vai sempre parar ao Dr. Phill.

Chris, o teu apelido (Rojas) é deveras incomum para um americano. Podes falar-me mais sobre ele?

Na verdade o meu nome é Cristobal, mas prefiro que me chamem Chris, é mais fácil e sinto-me mais integrado. Nasci no Chile e vim para a Austrália com apenas 3 anos. Rojas é um apelido muito típico do Chile, que significa “vermelho”. Herdei-o da minha família paterna, e tendo crescido na Austrália ninguém conseguia pronunciá-lo porque a língua inglesa não tem o “j”. Por isso, chamavam-me sempre “Rorias”.

Como vieste parar ao Hawaii?

Viajei sozinho por toda a América do Sul durante 10 meses, e quando voltei a Sidney senti-me muito aborrecido. Nessa altura comecei a procurar trabalho no Hawaii e tive muita sorte em consegui-lo com facilidade. Tinha formação como “cost manager” (isto é, calculava os custos globais para a construção de edifícios), que era o que tinha exercido em Sidney durante 5 anos e meio. Decidi vir para Ohau também sozinho, por conta própria. No início fiquei noutras casas: na primeira a empresa ajudou-me com as despesas durante o primeiro mês de estadia; na segunda já era tudo costeado por mim. O valor da renda era semelhante a este apartamento mas este, embora mais pequeno, é muito melhor pela localização.

 

Alguma vez regressaste ao Chile?

Voltei ao Chile durante a minha viagem pela América do Sul, há 9 anos atrás. Na altura tinha 23 anos e essa foi a última vez.

O que gostas mais no Hawaii?

Acho que tem a ver com o estilo de vida: bom clima e boas pessoas, assim como uma tendência para se manterem activas e saudáveis, o que torna o Hawaii um óptimo lugar para viver. As pessoas aqui são muito amigáveis e não aparentam ser muito stressadas; estão mais disponíveis para falar com estranhos e fazem-se amigos com facilidade.

O isolamento torna as ilhas tanto desejáveis como indesejáveis: o lado negativo é que se vive mesmo muito longe de tudo o resto, e é difícil sentirmo-nos conectados com o mundo. Contudo, vemos tanta coisa má a acontecer que achamos que nada disso conseguirá cá chegar, como se não pudéssemos ser atingidos por vivermos nesta “bolha”. De certo modo, sentimo-nos protegidos.

 

Há algo de que não gostes?

Os serviços no geral têm de ser mais “amigos” do consumidor; se eu por exemplo precisar de ir ao médico e não costumar fazê-lo, a primeira consulta demorará imenso a ser marcada. Contudo, se for um utente regular, já tenho as seguintes muito mais rapidamente. A primeira vez que fui ao dentista demorei quase 3 meses para ser observado, mas depois houve um dia que tive um problema mesmo a sério e como andava a ser seguido regularmente consegui uma consulta no próprio dia.

Qual é a tua ilha favorita?

Ohau para viver mas Kauai para visitar: tem uma paisagem incrível, é muito pré-histórico, ainda muito natural e selvagem, com pouca pegada urbanística.

 

Qual foi a tua principal dificuldade ao chegar aos Estados Unidos?

Sobretudo a parte burocrática… conseguir uma identificação local, uma conta no banco, um número de telefone e um alojamento mais definitivo.. obter o visto foi a parte fácil, mas durante os dois primeiros meses eu não fazia mais que tratar de papeis. Nem sequer consegui aproveitar a ilha quando cheguei.

 

Há poucos dias todos os habitantes da ilha receberam um alarme de emergência sobre um eventual míssil balístico que se dirigia para o arquipélago. Queres contar-me como foi viver esse momento? Até porque a mensagem continha exactamente as mesmas palavras (“This is no drill”) do telegrama enviado na altura do ataque a Pearl Harbor e que ainda faz parte da vossa memória recente…

               No momento em que a mensagem chegou eu estava na varanda e nem sequer consegui começar a correr, limitei-me a olhar para lá para fora e para os prédios em frente.. à espera que algo acontecesse. E isso pareceu levar uma eternidade. A primeira mensagem chegou às 8:07 e escrevi imediatamente a um dos meus amigos. Nem sequer telefonei para casa, não consegui ter a noção de que isto podia acontecer, é como se não fosse real. Foi mais algo como “oh, isto não pode ser a sério…”. Queria confirmar que outras pessoas tinham recebido a mesma mensagem que eu. Depois comecei a ver pessoas a correr pelas ruas… A mensagem a desmentir o alarme só chegou meia hora depois. Ainda não gosto de falar sobre isso.

Planeias viver aqui para sempre?

Não sei. Eu gosto de viver e aproveitar cada dia como sendo único. Nunca pensei sobre o assunto, mas sei que se algum dia partir vou ficar bastante triste. É difícil dizer-se adeus a um sítio como este… Antes de vir nunca tinha pensado sequer nesta possibilidade. Eu gostava de Sidney, mas queria desafiar-me a mim próprio e viver numa cidade ou país diferente.
Na verdade, o Hawaii é um país dentro do seu próprio país.

Se pudesses descrever o Hawaii numa palavra qual seria?        

Uma palavra é difícil.. mas escolheria vida. Ou estilo de vida. Ambas são espectaculares.

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