Acordei as 6h para fazer algo que até há poucos dias não só não sabia que existia como se tivesse pensado muito nunca acharia ter coragem para tal!
Entre o nervosismo mascarado pelo entusiasmo, a camionete de caixa aberta seguiu caminho por estradas de terra batida, embrenhando-se na selva e passando pelas terras circundantes – muitas com menos de 10 casas.
Em Nicarágua há 154 vulcões activos; o de Cerro Negro tem 167 anos de idade e 726 m de altura. É do tipo ‘cone único’, não só o mais activo do mundo como também um dos mais recentes (1850). A última erupção foi em 1999. A sua subida demora cerca de uma hora a pé, por entre terrenos vulcânicos rochosos e arenosos, algo escorregadios.
Já próximo da cratera podemos ver não um mas vários tons: o amarelo dos sulfatos, o vermelho do fósforo e o branco do magnésio.
Basta por a mão junto ao solo para sentir o calor que emana, como se as fumarolas nos pudessem fazer esquecer que se trata de um vulcão activo.
Daí vê-se outros vulcões, como o Talica e Masaya (pode-se subir ambos e ver a lava) e o Cossyguana (de onde se vê El Salvador, Guatemala e Honduras).
O vulcão de Cerro Negro é também o único lugar do mundo onde se pode fazer o ”Volcano Boarding”, uma actividade que começou em 2004 e que a CNN classificou como a 2a coisa mais fixe a fazer antes de morrer!
Como o nome indica, consiste em descer a encosta do vulcão o mais depressa possível, montado numa espécie de prancha (há quem desça a correr…).
O design actual é de uma prancha de madeira de cerca de 3Kg (a lembrar um trenó) que tem na face inferior uma placa metálica que diminui o atrito, forrada com 2 miniplacas que derretem com o calor e a fricção à medida que se desce (confirma-se, no final só há vestígios!).
A distância é de 550m e o recorde da velocidade máxima atingida foi de 95Km/h!!
Estar lá em cima é simultaneamente lindo e beeem assustador. Sobretudo quando vemos os outros a começar a descer!
O manto negro da pedra vulcânica seca estende-se a uma distância incrível, totalmente diferente da percepção que temos quando estamos no solo, e finalmente mistura-se com a selva em redor num recorte perfeito.
E chega então a altura de montar a prancha e agarrar o momento!! Sentar de cócoras, pernas para fora, pés planos ao chão, mãos a segurar a corda como um taco de baseball… a teoria estava toda lá!
Os últimos segundos até ter “sinal verde” parecem eternos, há um último fôlego, óculos na cara e toca a descer num ritmo cada vez mais rápido e alucinante, com a areia a estranhar-se fundo nos pés, umas curvas para a direita e para a esquerda e uma meia cambalhota pelo meio!
No final, podia bem ter ganho o prémio de clumsiest rebollation badass (mas não fui a pior!) e só posso garantir que esta experiência vale totalmente a pena!!

