A pouco mais de 1 hora de distância de Coimbra começa o meu roteiro de 2 dias pela Serra do Açor. Por entre os vales e encostam passam rios, nascem praias fluviais, e as aldeias deleitam-se nas suas margens. Construídas com base de xisto, a grande maioria delas rebocada, encontramos ainda assim pequenos tesouros de conservação de traços e tradições como o Piodão e a Aldeia de Foz d’Égua. Marcando a paisagem pela sua ancestralidade, são elementos comuns as antigas pontes de pedra que cruzam o rio Ceira e Alva, as quais geram um reflexo perfeito nas frescas águas paradas dos dias sem vento e fazem o deleite de residentes e turistas.
O concelho é rico em praias fluviais (Coja, Barril de Alva, Secarias, Piodão, Pomares e Benfeita) e em zonas de lazer à beira rio (como Cartamil, Folques, Barril de Alva, Poço da Cesta em Casal Novo ou o Poço do Poiadouro em Cepos).
Roteiro de 2 dias pela Serra do Açor (dia 1)
1.Coja
A primeira paragem é em Coja, talvez a aldeia mais populosa de entre as visitadas. O ponto de principal é a praça central, com vários cafés, restaurantes e esplanadas que criam um agradável ponto de encontro. A praia fluvial, dotada de cafés e das mais bonitas da zona, merece sem dúvida uma visita (e um mergulho).
Numa das suas extremidades pode ver-se um antigo pelourinho que assinala o poder e autoridade local e no qual “os sentenciados seriam expostos ao escárnio do povo”. – o seu primeiro foral foi atribuído em 1260 pelo Bispo de Coimbra (D.Egas Fafes),
e posteriormente renovado por D.Manuel I em 1514. Actualmente, a “Princesa do Alva” é Sede de Freguesia (previamente Sede do Concelho até 1853).
2. Vila Cova de Alva
Vila Cova de Alva é uma aldeia branca de xisto rebocado marcada pelas suas duas ruas principais que nos transportam de volta à arquitectura quinhentista. Na verdade, são 25 os edifícios espalhados pela aldeia e que ainda têm traços manuelinos nas portas e janelas, com destaque para o casario das ruas Joaquim Antunes Leitão e José de Abreu Mesquita.
Munida de várias capelas, é no alto de uma ermida que se destaca o Antigo Convento de Santo António (1713), de estilo maneirista e barroco, sendo possível aceder à sua igreja e cruzeiro (1870) através de uma breve escadaria de pedra. No largo da Igreja Matriz (1712) e do Pelourinho há ainda dois solares do séc.XVII. A aldeia tem por isso uma forte componente religiosa, atribuída à chegada dos Frades da Ordem de S.Francisco (1710).
Na Praça Luís Costa Faria encontro uma linda igreja votada ao abandono, que na verdade corresponde ao antigo edifício da Santa Casa da Misericórdia (1723). O interior, a necessitar de muitas obras de reabilitação, pode ser “espreitado” pelo buraco da fechadura.
O Miradouro da Fonte dos Passarinhos permite uma vista desafogada sobre a paisagem envolvente, assim como o Miradouro do Barril do Alva (já de volta à estrada).
3. Avô
Avô é outra aldeia que olha o rio, munida de uma enorme ponte de pedra e de uma praia fluvial. Nesta, destacam-se como elementos um antigo moinho de água, uma segunda ponte de vários arcos acessível a pé assim como um castelo medieval com vista sobre os telhados de vista da aldeia e a paisagem circundante.
Esta aldeia encontra-se ligada à Aldeia das Dez por um troço de calçada romana.
4. Poço da Broca
Para terminar a tarde deste Roteiro de 2 dias pela Serra do Açor segui o conselho de visitar o Poço da Broca e não me desiludi. Um rio que se torna esplendoroso ao formar uma pequena cascata, à qual se segue uma praia fluvial com restaurante e emoldurado por uma casa com um moinho adjacente (cujo material original ainda se encontra no interior). Na margem esquerda, após a casa do moinho, há ainda um espaço com café e mesas de picnic, para quem quiser saborear um gelado à sombra.
Roteiro de 2 dias pela Serra do Açor (dia 2)
Começo o dia por explorar a Aldeia das Dez, uma vez que tinha ficado magnificamente alojada no Hotel Rural Quinta da Geia.
1. Aldeia das Dez
Não se sabe ao certo qual a origem do nome desta aldeia quinhentista, crendo-se contudo que deriva do termo “Aldeia Dos Diez”, sendo Diez o equivalente ao apelido Dias, um apelido frequente na comunidade. Por outro lado, a lenda local diz que dez mulheres terão
descoberto um tesouro na encosta. Com o compromisso de nunca revelarem a sua localização, este “tesouro” de que nada mais se sabe nunca foi por isso visto por outros aldeões.
Uma outra curiosidade interessante é que esta aldeia teve grande importância