Ao longo de 6 dias, descobri a convite da Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa algumas das maravilhas mais bem guardadas do nosso país. Passando por Vila Velha de Ródão, Proença-a-Nova, Penamacor, Oleiros, Idanha-a-Nova e Castelo Branco, muitas foram as surpresas que agora partilho convosco neste artigo em estilo de roteiro. Façam as malas e partam à descoberta – o nosso país é incrível!
1. Vila Velha de Rodão
O dia começa com a melhor das vistas, a partir do Miradouro das Portas de Rodão, onde o Tejo se estreita ao longe. Não podia ter tido mais sorte, o céu estava limpo e o clima quente, sem vento, permitindo um espelho perfeito que habitualmente só se vê nas fotos (dos outros).
Sigo caminho em direcção ao Castelo do Rei Vamba, deixando o carro à sombra da Capela da Nossa Senhora do Castelo. Diz a lenda que a história de amor entre a rainha cristã e o rei mouro, uma relação adúltera, não teve um final feliz tendo inclusive sido lançada uma maldição sobre a zona. A verdade é que o castelo se mantém de pé, com uma vista imensa e desafogada sobre o Rio Tejo frequentemente acompanhada por grifos, águias e outras aves de grande envergadura que pairam sobre o vale forrado a sobreiros e azinheiras.
A hora de almoço aproxima-se, e nada melhor do que começar a experienciar os sabores da Beira Baixa junto ao Cais Fluvial, no restaurante Vila Portuguesa, que recomendo não apenas pela paisagem e localização mas também pela qualidade da confecção. Da praceta tem inicio um agradável caminho pedestre até à Capela da Sra. da Alagada.
De regresso ao carro, a próxima paragem é no Miradouro do Vale do Almourão, com vista plena sobre as Portas do Almourão.
O calor aperta e não perdoa, e está na altura de inaugurar as praias fluviais desta zona. Estendo a toalha sobre as relvas da Praia da Foz do Cobrão, onde muitas outras pessoas se encontram a disfrutar da tranquilidade deste espaço singular, caracterizado por um enorme monólito granítico exactamente a meio do curso de água.
O dia já vai longo quando chego às Casas do Almourão, onde os proprietários – um casal bem simpático – nos recebe. Totalmente equipada, cada casa tem 2 quartos duplos, para além da casa de banho, kitchnette, sala, e uma varanda que convida ao fim de tarde em contacto com a natureza.
2. Proença-a-Nova
Começo o 2º dia explorando a zona em torno do Vale do Cobrão, com um trilho de dificuldade baixa a moderada por entre a vegetação que me leva até à Buraca da Moura e ao Farol dos Ventos, uma instalação artística de 2020 feita com cabos náuticos, recriando movimento – como o de uma ave que vai levantar voo.
Passo por momentos pela Praia Fluvial da Fróia, mas aqui entre nós que ninguém nos lê antes não o tivesse feito! Uma manobra mal feita e um drone enfiado nos arbustos que alguém que não eu acabou por ir lá tirar. Amargamente, lembrou-me um episódio já ocorrido em 2018 no Hawaii, nas Akaka Falls, e a prova de que drones não é mesmo comigo.
Desanimada, não consigo dar o devido crédito ao Centro de Ciência Viva da Floresta, que para além do centro educativo (com actividades e exposições várias) tem ainda uma esplanada e jardim infantil. Seria sem dúvida um espaço para explorar com outro estado de espírito, mas que é extremamente recomendado para quem viaja com os mais novos. Para adultos (ou para uma adulta como eu), já fiquei feliz de ver as aeronaves a aterrar e levantar no Aeródromo mesmo em frente!
O inverno não foi simpático para estes lados, e o Moinho do Pergulho sofreu as suas consequências, apresentando (à data da visita e da escrita deste artigo) várias das suas velas destruídas pelos ventos.
É altura de ir conhecer a Praia Fluvial do Malhadal, um maravilhoso recanto verde e fresco, onde famílias se juntam nas relvas à sombra, a apanhar sol ou para bons banhos.
Passo por Álvaro com agrado, num final de tarde ainda quente mas com uma brisa suave, caminhando pelas ruelas com detalhes de tempos já idos. Do miradouro onde assenta a sua Igreja Matriz, destaca-se a vista soberba sobre as curvas do Rio Zêzere
O dia termina já em Oleiros, com um jantar no restaurante Callum, integrado no Hotel de Sta Margarida mas a noite essa é passada no encantador Refúgios do Pinhal, um hotel de charme gerido por uma família que reabilitou toda a estrutura de uma antiga quinta, tendo-a convertido num espaço pitoresco e agradável.
3. Oleiros
A visita começa do alto do miradouro do Santuário do Cristo Rei, uma estrutura de granito com 5 metros de altura com vista desafogada para Oleiros. Na sua base, é possível uma pequena capela de 3 gravuras pintadas nas paredes, usada para algumas celebrações.
O sol esconde-se por entre as nuvens quando chego à Praia Fluvial de Açude Pinto, algo que não intimida as crianças nem as impede de se divertirem nas águas frias do rio. Uma vez mais, destaca-se a qualidade dos apoios de praia, do café-restaurante e do espaço infantil.
Um dos mais surpreendentes miradouros de todo o percurso, o Miradouro da Cabeça do Mosqueiro é ponto comum de romaria ao fim-de-semana, onde famílias se encontram para grelhados e convívios. Do alto dos seus 660m, com uma vista belissima (infelizmente pautada por parcelas de terreno devastadas pelos incêndios dos últimos anos) e muito bem preparado, este é um exemplo de um espaço amplo e bem conseguido, pensado para miúdos e graúdos, com várias áreas para explorar.
A tarde prossegue em direcção à Cascata da Fraga da Água d’Alta, um dos ex-libris da região. Descendo através dos Passadiços do Orvalho até à sua base, ou observando do topo a partir do Miradouro da Cabeça Murada, a Cascata da Fraga da Agua d’Alta é a mais alta da Beira Baixa e faz deste um dos pontos indiscutíveis da visita à zona de Orvalho. A escadaria de acesso é ainda adornada por pequenas esculturas de animais que acompanham o percurso
4. Penamacor
Acordo nas Casas da Penha, com uma vista magnífica sobre toda Penamacor que já tinha sido elogiada de véspera, qual aldeia presépio ao cair da noite. Este é um espaço requintado, em que a identidade original das casas de pedra se mantém ao mesmo tempo que o interior apresenta traços de comodidade e modernidade.
A pé, faço dai uma pequena paragem junto do Miradouro da Rua de S. Pedro, da Antiga Casa da Câmara Municipal e do Castelo de Penamacor e sua Torre de Vigia, que nos remete de imediato para os tempos medievais. Desço até à vila, tentando descortinar onde se realiza o célebre Madeiro, a tradicional festa de Natal que todos os anos vejo pela televisão. Quem sabe, se não é um destes invernos em que darei cá um saltinho para assistir ao vivo a esta celebração?..
A Praia fluvial da Meimoa (e sobretudo a Praia fluvial de Meimao) são verdadeiros ex-libris desta zona, e talvez uma das mais bonitas deste roteiro. A relva estende-se até à linha da água, e aqui não faltam mesmo pontos para estender a toalha.
5.1 - Idanha-a-Nova - Aldeia de Monsanto
Avisto Monsanto pela primeira vez aquando de uma pequena paragem de carro em Salvador. Ao longe, ergue-se a aldeia no